Noticias do Acordo Ortográfico em Portugal
Novo Acordo Ortográfico será
publicado em Janeiro
10.12. 2009
A ministra da Cultura de Portugal afirmou que em janeiro será dada ordem para a impressão do Diário da República segundo o novo Acordo Ortográfico, e que quer “reflectir maduramente” sobre uma futura Academia da Língua Portuguesa.
Gabriela Canavilhas afirmou não querer antecipar-se à agenda do Conselho de Ministros mas garantiu que já em janeiro entrará em vigor o novo Acordo Ortográfico e será dada a ordem para impressão do Diário República segundo o renovado português.
Questionada pela agência Lusa sobre a criação de uma Academia da Língua Portuguesa, Gabriela Canavilhas afirmou: "Tenho que me sentar à mesa com as instituições que já estão instaladas e que têm uma palavra a dizer sobre essa matéria para concebermos o contorno ideal e correcto para esta Academia da Língua Portuguesa", esclareceu.
Pedro Garcia Cardoso, do conselho de administração da Imprensa Nacional - Casa da Moeda tinha declarado, no final de novembro, que "está tudo a postos quer em termos de maquinaria quer de formação de quadros" para a aplicação do Acordo Ortográfico ao Diário da República.
O responsável declarou que "a formação foi já acautelada e há as necessárias infra-estruturas tecnológicas". "Estamos apenas à espera da ordem da Presidência do Conselho de Ministros, podemos começar imediatamente", disse Garcia Cardoso.
Departamento de português
da Comissão Europeia pronto
para o Acordo Ortográfico
23.3. 2010
O Departamento de Língua Portuguesa da Comissão Europeia, em Bruxelas, está pronto para começar a traduzir ao abrigo do novo Acordo Ortográfico todos os textos que produz diariamente, assim que as autoridades portuguesas tomem essa decisão.
"Neste aspeto somos completamente dependentes, tributários, das decisões do Governo português. Se o Governo português decidir começar a publicar, a partir de determinada data no Diário da República, aplicando o novo Acordo Ortográfico nós seguiremos imediatamente e estamos preparados para isso", assegurou à Agência Lusa o chefe do Departamento de Língua Portuguesa da Direção Geral de Tradução do executivo comunitário.
Para Manuel de Oliveira Barata, o Português não é visto na capital da Bélgica como sendo uma língua exótica e, desde que em 2004 aderiram mais 10 países à União Europeia, a língua de Camões é mesmo "considerada como já antiga" nos corredores das instituições europeias.
O Departamento de Língua Portuguesa tem atualmente 61 tradutores, três linguistas e quatro gestores num universo de 1 500 funcionários da Direção Geral de Tradução.
"Se é complicado por um lado, por outro é uma questão de organização. A Comissão soube responder aos desafios das diferentes adesões através de um sistema de trabalho que funciona perfeitamente", sustentou Manuel de Oliveira Barata.
A legislação europeia, desenhada inicialmente em 1958, estabeleceu a paridade entre todas as línguas oficiais dos estados membros, considerando que os cidadãos têm direito a ter todos os documentos produzidos em Bruxelas traduzidos para o seu idioma.
Esta é a regra que é respeitada, apesar de o inglês se estar a pouco e pouco a tornar na língua de trabalho do dia a dia das instituições europeias.
Para Manuel de Oliveira Barata "é extremamente importante" que os principais destinatários das decisões das instituições europeias, a administração pública portuguesa, os operadores económicos nacionais e também os cidadãos, recebam todos os documentos da sua língua.
Acordo ortográfico fortalecerá
difusão mundial do português,
defende director do Museu da Língua
21.3. 2010
O acordo ortográfico fortalecerá a difusão mundial do português e aproximará os países lusófonos, com a valorização da diversidade e da riqueza do idioma, disse à agência Lusa o diretor do Museu da Língua.
António Sartini afirmou que o acordo ortográfico pode desagradar a muitas pessoas, num primeiro momento, mas representa um importante passo "para que o belo idioma se desenvolva livremente em cada país".
"Nossa língua, tenho certeza, além de bela é sábia", salientou o diretor, que participará em Brasília na conferência internacional sobre o futuro da língua portuguesa, entre os dias 25 a 31 de março.
"Sou muito otimista com o futuro de nossa língua, pois o português é a sexta mais usada no mundo [a quinta como língua nativa], a terceira do ocidente, e cada vez mais se torna conhecida e reconhecida", sublinhou.
"O Brasil é uma das maiores economias do mundo, Portugal é um país extremamente importante no cenário mundial e europeu e a tendência é que os demais países também ocupem locais de destaque no continente africano e no mundo, quer por suas riquezas naturais, patrimoniais e históricas e, também, económicas, caso de Angola e o petróleo", disse.
Em Brasília, o Museu da Língua Portuguesa apresentará, durante a conferência internacional, uma exposição com parte de seu acervo permanente, como vídeos sobre a origem do português, e também criações especialmente pensadas para o encontro.
A mostra "Linguaviagem" será a primeira realizada pela instituição fora de suas instalações, em São Paulo, para apresentar um pouco da diversidade literária dos oito países de língua oficial portuguesa.
Sartini disse que a conferência internacional, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, será um espaço "privilegiado" de troca e de aproximação entre os países da CPLP.
Criado em 2006, o Museu da Língua Portuguesa ocupa parte das centenárias instalações de uma estação de trens de São Paulo e é um dos cartões de visita da maior cidade brasileira.
A instituição apresenta a história, a importância e as variações da língua portuguesa, além de promover cursos e eventos para professores, estudiosos e o público em geral.
Movimento contra o Acordo Ortográfico
saiu à rua mas só convenceu 3 pessoas
7.6. 2010
Manifestação marcada para o Palácio da Ajuda, em Lisboa, onde vai ser apresentado o conversor automático para a nova ortografia.
Uma manifestação contra o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) foi marcada para hoje, às 17:00, em Lisboa, por um movimento de opositores que alega "falta de seriedade científica" na origem e condução de todo o processo. Mas só três pessoas aderiram à manifestação.
Francisco Miguel Valada é um dos organizadores do protesto, marcado através da rede social Facebook na internet, e autor do livro "Demanda, Deriva, Desastre", lançado em 2009 contra o AOLP, que entrou em vigor em Portugal em janeiro deste ano, na sequência de intensos debates entre opositores e defensores.
Em declarações à agência Lusa, explicou que a hora e o local - junto ao Palácio Nacional da Ajuda - foram escolhidos propositadamente para coincidir com a apresentação, uma hora mais tarde, pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, de um conversor para a nova ortografia, desenvolvido pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC).
"Nós contestamos o lançamento deste conversor porque não há nenhum análise científica imparcial que o valide. O próprio AOLP foi atacado por todos os lados com pareceres científicos imparciais", sustentou.
De acordo com o Ministério da Cultura, o novo instrumento que vai ser hoje apresentado - com o nome de Lince - consiste numa aplicação informática multiplataforma que permite a conversão do conteúdo de ficheiros de texto para a grafia implementada pelo AOLP.
Num comunicado divulgado à comunicação social, a tutela da Cultura sublinha que o conversor vai "contribuir para uma rápida adaptação do público em geral às novas regras do acordo".
Financiado pelo Fundo da Língua Portuguesa, o Lince, adianta ainda, "vai poder ser descarregado e utilizado gratuitamente" para fazer a conversão às novas normas.
Para Francisco Miguel Valada, tanto o conversor como o Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) criados pelo ILTEC “pecam por falta de reconhecimento científico”.
"Não existe qualquer reconhecimento, nem por parte da comunidade científica nem da opinião especializada, da validade da base científica do AOLP, que é a estrutura em que se sustenta este trabalho do ILTEC. Basta ler-se a extensa bibliografia sobre o assunto para se perceber este facto", aponta.
O autor de "Demanda, Deriva, Desastre", da editora Textiverso, pós-graduado em Interpretação de Conferência pela Universidade do Minho, considera ainda que "este processo nasceu torto, continua a ser mal conduzido, e vai gerar a confusão na população" porque foram criados no território português dois vocabulários sobre o novo AOLP.
Apontou que além do vocabulário (VOP) criado pelo ILTEC, a Porto Editora lançou também o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), cujo responsável pela organização científica é o linguista João Malaca Casteleiro.
Francisco Miguel Valada acrescenta aos dois vocabulários um terceiro, da Academia Brasileira de Letras, “que também se encontra à venda em Portugal, e, em preparação, um Vocabulário da Língua Portuguesa (VLP) da Academia das Ciências".
"O próprio AOLP, no segundo artigo, prevê a criação de um único vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa. Onde está ele?", questiona.
Sobre o número de manifestantes esperados hoje, às 17:00, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, diz que "será uma surpresa" para os próprios organizadores, mas ressalva que os “apoiantes anti-acordo” no Facebook ultrapassam atualmente os 18 mil.
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