Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos
Vera Mantero & Guests
Direcção artística Vera Mantero
Interpretação e co-criação Christophe Ives, Marcela Levi, Miguel Pereira e Vera Mantero
Dispositivo Cenográfico e Figurinos Nadia Lauro
Adereços toda a equipa
Colaboração Dramatúrgica Rita Natálio
Música e Sonoplastia Andrea Parkins
Operação Som Rui Dâmaso
Desenho de Luz Erik Houllier
Operação Luz Jean-Marc Segalen
Na definição etimológica da palavra “objecto” está contida a ideia de objecto como algo “que se dá a ver”, algo que existe ou que “está lá” para ser visto. Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos mostra-nos objectos do mundo. Entre esses objectos e quem os manipula há um efeito de ricochete, um movimento de revelação de sentidos outros, inesperados.
Existe um triângulo entre esses objectos, quem os manipula e o espectador – uma tensão que empurra as margens das ideias e das sensações até à vibração dos símbolos.
Perante estes objectos, as ideias são caminhos para outras ideias e, como em todos os caminhos, há troços que se abrem, apertam e bifurcam. Podemos percorrê-los com ritmos e respirações diferentes, como se os pensamentos ganhassem forma pelo modo como pulsam e se friccionam entre si.
São objectos do mundo, em contacto e em curto-circuito, algures a caminho entre o lado material e o lado etéreo das coisas, entre o quotidiano e o onírico, entre o genérico e o excepcional.
E, quem sabe, é nesse “trocar as voltas” ao mundo de todos os dias – esse mundo de objectos genéricos para produção, consumo e desperdício – que podemos tocar um outro lado das coisas. (Rita Natálio)
Vera Mantero destilou esta parada inusitada após meses de leituras, visionamentos, audições, reflexões e conversas, em conjunto com os seus co-criadores Christophe Ives, Marcela Levi e Miguel Pereira.
Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos é um jogo de associações, por vezes explícito, outras críptico, lúdico ou desconfortável, tangível ou volátil. Despoleta várias questões, mas quase nenhuma resposta.
Etymologically, the word “object” denotes the idea that an object is something that is placed before us, something that exists or that is meant to be seen. We are going to miss everything we don’t need presents objects of the world. A rebound effect and unexpected unveiling of meaning(s) develops between these objects and those who manipulate them. And a triangle emerges between the objects, those who manipulate them, and the spectator – a tension that pushes the boundaries of ideas and sensations, as symbols turn into vibrating forces. (…)
© 2010 Culturgest