Educar com Bom Senso


por Sandra Gonçalves

Javier Urra, psicólogo clínico e pedagogo terapeuta, volta a surpreender. O autor do best-seller «O Pequeno Ditador» acaba de publicar «Educar com Bom Senso», um livro recheado de conselhos para formar os filhos com «inteligência, equilíbrio emocional e valores».




Em entrevista ao Diário Digital, este psicólogo espanhol revela-se um optimista e muito pragmático em relação às novas situações familiares. E não esconde que é destemido e que assume o que diz, não importa os riscos.

«Educar com Bom Senso», da Esfera dos Livros, apresenta casos e exercícios práticos e fornece as chaves necessárias para formar os filhos com critério, desde a nascença até à adolescência. Porque, para Javier Urra, cada etapa do desenvolvimento tem uma estratégia.

É curioso que este livro seja dirigido aos professores e orientadores para que estes possam guiar os pais na educação dos seus filhos. Como é que surgiu esta ideia? Apercebeu-se de que havia uma lacuna neste campo?

Todo o mundo diz que não há um manual para educar os filhos, aqui têm um. Apoiei-me muito nos professores para que se possa educar em sintonia entre a casa e a escola.

Tem uma longa experiência em trabalhar com jovens conflituosos. Tem assistido a um aumento de casos, talvez fruto das «novas situações familiares» que tão bem descreve neste livro?

A sociedade está mais complexa porém mais atractiva. Diluiu-se o que significa a autoridade e há agora uma nova realidade que exige um novo tipo de educação logo a partir dos primeiros anos, os primeiros meses e os primeiros dias.

No entanto, parece muito pragmático ao falar destas situações - famílias monoparentais, filhos adoptados, pais separados, famílias reconstituídas - é um optimista?

Considero que o optimismo é uma obrigação ética. Lá por as coisas se alterarem não significa que estejam piores. Os jovens sentem-se confortáveis nos distintos tipos de família. O essencial é não esquecer que se é mãe ou pai para toda a vida.

O termo «bom senso» é uma constante ao longo deste seu novo livro. Como define «bom senso», tendo em conta que pode ser tão abstracto?

O senso comum é essencial e quase todos o possuem, precisa é sim de critérios baseados em psicologia evolutiva que tento transmitir neste livro.

Reconhece a dada altura do livro, numa parte que dedica ao transtorno por défice de atenção e hiperactividade, que a taxa de incidência tem vindo a aumentar, mas muitas vezes por conta de diagnósticos errados e pressões das farmacêuticas? Não teme as críticas que isso possa suscitar?

Eu sou uma pessoa destemida, que assume o que diz e os riscos que isso pode acarretar, porém baseio-me em dados irrefutáveis. Digo é que é verdade que muitas crianças sofrem de stress e que esta é uma sociedade do zapping.

Não será também uma forma de desresponsabilizar as famílias e os educadores?

Os pais e outros educadores têm responsabilidades incontornáveis. A sociedade não pode melhorar somente através de normas ou sanções. Faz-nos falta uma higiene mental colectiva.

Considera que educar bem um filho é uma tarefa difícil?

Considero-o uma tarefa preciosa, a mais importante da vida que exige constância, compromisso, amor e saber que se é adulto.

Depois de «O Pequeno Ditador», «O que Ocultam os Filhos…» e o seu mais recente «Educar com Bom Senso» o que se segue?

Em Espanha acabo de apresentar um livro que se intitula «Fortalece a tu hijo» («Fortalece o teu filho»). Um guia para enfrentar as adversidades da vida. O mundo tem que preparar os pequenos para o que seguramente irão sofrer, de maneira que possam sobrepor-se.

Javier Urra, além de psicólogo clínico e pedagogo terapeuta, é professor da Universidad Complutense de Madrid. Da sua autoria está disponível em Portugal este mais recente «Educar com Bom Senso», «O Pequeno Ditador», já com 30 mil exemplares vendidos, e ainda «O que Ocultam os Filhos, o que Escondem os Pais», todos editados por A Esfera dos Livros. .

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