11.6. 2010
O artista foi pioneiro no tratamento do gênero fotográfico como meio para "aguçar os sentidos e a percepção humana", diz a historiadora e crítica espanhola Oliva María Rubio.
É ela a curadora da mostra antológica de László Moholy-Nagy em cartaz até 29 de agosto no Círculo de Belas Artes de Madri como parte da programação do PhotoEspaña 2010, festival dedicado à fotografia.
Grande destaque desta 13.ª edição do evento espanhol, a exposição, de caráter histórico e monográfico, não se encerra nas experiências fotográficas do artista apresentando, ainda, oito filmes, pinturas, fotomontagens e projetos de design criados pelo vanguardista desde 1922 (ano do embrião dos pensamentos de seu emblemático ensaio Pintura Fotografia Cinema, sobre a "estética da luz") até sua morte.
A mostra reúne mais de 200 obras que pertencem a vários acervos (o que a torna ainda mais rara).
Vida e Obra
(Bácsborsód, 20 de Julho de 1895 — Chicago, 24 de Novembro de 1946)
László Moholy-Nagy foi designer, fotógrafo, pintor e professor de design pioneiro, conhecido por ter lecionado na Bauhaus. Foi influenciado pelo Construtivismo Russo e defendeu a integração da tecnologia e indústria no design e nas artes.
Para László Moholy-Nagy não existiam divisões entre a fotografia, a pintura, a fotografia, a escultura e a arquitetura. A sua visão eclética e global foi fundamental em duas das mais importantes escolas de artes visuais deste século, a Bauhaus e o Chicago Institute of Design.
Nagy aplicava a técnica de colagem de negativos e uso de instrumentos que interferem artisticamente na impressão das fotos.
Nascido na Hungria em 1895, László ingressou no curso de Direito da Universidade de Budapeste aos 18 anos. Mas a I Grande Guerra interrompeu os seus estudos no ano seguinte. Foi mandado para a frente, onde seria gravemente ferido.
Durante sua convalescença, László dedicou-se aos desenhos e às aquarelas. Mais tarde, com a República Soviética Húngara derrotada, o marxista Moholy-Nagy exilou-se em Berlim, onde entrou em contacto com toda a efervescência cultural do momento, do Futurismo ao Dadaísmo, passando pelo Construtivismo de seu amigo El Lissitzky.
László Moholy-Nagy começou o seu percurso artístico por aderir ao Construtivismo. A sua primeira exposição individual foi realizada em 1922 na galeria Der Sturm, em Berlim.
A partir de 1923 e até 1928, Moholy-Nagy ensinou e trabalhou na Bauhaus: foi docente na oficina de metal e diretor do Curso Preliminar (Vorkurs). Começou estas actividades com a idade de 27 anos.
A partir de 1923, e em estreita cooperação com Walter Gropius, Moholy-Nagy concebeu e editou a série de livros chamados bauhausbücher. Deste modo, Moholy-Nagy foi o impulsionador das actividades editoriais e publicistas da Bauhaus.
Casado com a fotógrafa Lucia Moholy, László Moholy-Nagy não demorou a fazer suas primeiras experiências fotográficas. Com uma consistente base teórica, tratou de inovar: na composição, nos pontos de vista, misturando técnicas.
Trabalhando na Bauhaus como diretor da oficina de metal, Moholy-Nagy continuou produzindo fotos, desenhos, esculturas, e ensaios teóricos. Em 1924, publicou Pintura, Fotografia, Filme, dentro da série de livros que ele editava na Bauhaus.
A nova tipografia
Nos seus manifestos, o conceito de uma nova tipografia ocupava um papel central. «Die neue typographie» foi o título programático de um artigo de Moholy-Nagy, publicado em 1923 no bauhausbuch, que articulou ideias essenciais; pouco depois, Jan Tschichold faz ressonância às teses de Moholy-Nagy, ampliando a sua divulgação.
Com o fim da Bauhaus na Alemanha, os docentes optam pelo exílio, fugindo às represálias do Nazismo. A evolução continua nos EUA, país para onde tinha emigrado boa parte dos exilados da Bauhaus.
László Moholy-Nagy mudou-se para Londres em 1935, e - juntamente com Walter Gropius - rápido se estabeleceu no seio da comunidade vanguardista sedeada nos Lawn Road Flats (London, Hampstead).
New Bauhaus
Um grupo de industriais norte-americanos decide fundar em 1937 em Chicago uma escola de Design e chama Moholy-Nagy para dirigi-la. Esta instituição, a New Bauhaus, virá depois a ser designada por School of Design e mais tarde Institute of Design.
Estes contextos foram abordados numa grande exposição: "Albers and Moholy-Nagy: From the Bauhaus to the New World". Londres, 2006, na Tate Modern, Bankside, Londres (Reino Unido)
http://tipografos.net/
http://www.moholy-nagy.org/